24 de janeiro de 2014

Destinatário fora de área.

27 de Setembro, 2008.




"Hoje parei para pensar a que ponto cheguei. Estou aqui, escrevendo sobre os meus
sentimentos por alguém que nem ao menos vai ter a oportunidade de ler.
Faz um ano desde a primeira vez em que te vi. Desde a primeira vez em que os nossos
olhos se encontraram. E eles sabiam que um dia teríamos algo especial. Nós não, mas
eles sabiam.
Nosso contato foi normal como qualquer outro. Com o tempo, a nossa confiança aumentou
e muitos diziam que tinhamos uma amizade admirável. E realmente tínhamos.
Dentro de mim, as coisas aconteceram muito rápido. De uma hora para outra, comecei a
tentar esconder o que você me fazia sentir. Cada toque, cada palavra, cada passo seu tinha
o poder de me fazer tremer. Mas, não conseguia aceitar. Seria tão difícil.
Eu estava me culpando tanto que não percebi os teus sinais. Até que em uma sexta-feira
à noite, quando sempre alugávamos um filme para assistir, senti a tua mão na minha.
Pronto, perdi a respiração. Estaria você brincando com os meus sentimentos?
Eu realmente achava que você havia percebido e estava fazendo aquilo só para ver como
seria a minha reação.
Você chegou mais perto e deitou a cabeça no meu ombro. Pude sentir aquele perfume que
tanto amava, um cheiro de morango tentador.
Eu estava intacta. Sem a mínima reação. E você deve ter percebido, porque inclinou a cabeça
e me olhou. Eu manti meus olhos fixos no filme, tinha medo do que iria me dizer.
Mas, você não disse nada. Apenas fechou os olhos e respirou fundo, como se quisesse
relaxar. E ficamos ali, daquele jeito, por vários minutos.
Acho que fez isso para me tranquilizar. Meu coração batia a mil por hora, mas eu estava
calma e feliz.
Quando eu achava que nada mais poderia acontecer, você mudou de posição para se sentar
e ficar na minha altura. Olhou para mim, deu um sorriso tímido, colocou as mãos no meu
rosto e me beijou.
Eu vou pular esta parte, porque palavras não são suficientes para descrever o que senti
naquele momento. Muito menos, quando segurou em minhas mãos e disse "eu te amo" com os
olhos marejados.
A partir daquele momento eu tinha certeza de que seria a pessoa mais feliz do mundo ao
teu lado. Nós apenas não sabíamos que seria tão difícil.
O que mais me machucava eram os olhares das pessoas para nós. Como alguém poderia condenar
um amor tão puro? Até hoje, não entendo porquê nos achavam tão diferentes.
Guardo comigo os melhores momentos da minha vida. Sinto orgulho deles. Sinto orgulho de
você. Da sua força. Da força que te fez aguentar esses últimos meses ao meu lado. Da força
que ficou para me consolar quando você já não estava mais aqui.
Você se foi e me deixou. Não porque quis assim, mas porque precisou. Deixou também uma dor
tremenda, mas ela não é maior que o carinho que eu sinto quando me lembro do teu sorriso.
Espero conseguir enfrentar esse mundo sem o teu apoio. Eu sei que consigo. Eu te devo isso.
Eu te devo tudo.
Tenho saudade da sua mão no meu rosto, do teu cheiro na minha roupa, do dom que só você
recebeu de me fazer feliz.
Lembre-se de mim, esteja aonde estiver. Porque a minha cabeça nunca vai pensar em nada mais
intenso que você e as minhas flores vão sempre decorar o lugar em que te deixei.

Minha linda, a nossa história começou com um "eu te amo" e eu não vou dizer outro para
acabar, mas para continuar.

Eu te amo, para sempre!"



Sophia.

22 de janeiro de 2014

Samantha não é "uma mulher dessas..." e gosta de morder.

Não sei vocês, mas sempre fico um pouco deprimida quando alguém diz "uma mulher dessa, é comprometida, com certeza". Eu não sou comprometida e estou longe de estar perto de ter qualquer coisa que se possa chamar de relacionamento, então eu não sou "uma mulher dessa"? 
O que é "uma mulher dessa"? É ser bonita, sensual, inteligente, simpática, educada, ter um corpo bonito, ou a junção de tudo isso? Acho que não sou boa o bastante pra ser digna de alguém legal do meu lado. Porque eu continuo sozinha na estrada.
As vezes me pergunto o porquê de estar sempre sozinha. Não vou dizer que nunca tive nenhum tipo de relacionamento, mas tirando os rolos passageiros, meus relacionamentos foram dos mais estranhos aos mais malucos possíveis e não consigo considerar nenhum deles como um namoro de verdade. 
Qual o problema comigo? Cuido bem de mim, ou pelo menos tento cuidar enquanto brigo diariamente com o espelho. Procuro ser simpática, educada e legal com as pessoas. Modéstia à parte sou até que inteligente, leio muito, tenho bom gosto pra música. Mas, o que eu mais preciso, me falta... confiança.
Taí, escrever sobre as próprias confusões fazem você mesma descobrir suas respostas. O difícil é saber a justificativa da resposta descoberta. Falta de confiança, insegurança, baixa auto-estima, medo... de quê? Por quê? 

Cansei de viver amores platônicos, de sonhar com histórias encantadas, de desejar aquilo que não é meu, de me apaixonar por quem nunca olharia pra mim. Aí está o ponto, eu sempre acho que ninguém nunca vai me notar. Sou idealista sim e acho que esse é meu mal. Vejo tudo com os olhos de uma adolescente doida e inconseqüente, que ainda não se tocou que está com 20 anos nas costas e passou da hora de virar mulher e encarar a realidade como ela é. Me pego em momentos de tamanha intensidade dramática que as vezes acho que sou uma personagem de mim mesma, diariamente treinando meu papel. E minhas várias personas me tornam um tanto quanto bipolar. Mas me sinto ao mesmo tempo em pânico, confusa, perdida e afobada. Quero tudo e não tenho nada. Ou quando quero uma coisa só, ela sempre é algo que eu provavelmente não estou ao alcance de ter. É como se eu vivesse em constante desafio. Talvez eu até goste deles, goste de não poder, de que exista uma proibição. Será que é esse meu problema? Será que tudo que vier fácil ou que mesmo depois de muita luta, eu não vou querer mais? O ser humano é assim, está sempre querendo e nunca totalmente satisfeito. E querendo o quê? Pessoas? Realizar sonhos? Coisas materiais? Que seja. 

Mas minha maior obsessão são pessoas. Gosto delas, e às vezes as odeio. Outras ficam no meio termo, mas não gosto de meio-termo, não tem gosto nem personalidade. E gosto é uma coisa importante, gosto de gostar do gosto das pessoas. Entenda como quiser. E só gosto do gosto quando gosto do cheiro. Esse sim, é meu sentido preferido. Ele pode te levar a qualquer lugar, é só fechar os olhos e deixar os sentidos agirem por si só. Eles provocam lembranças, vontades, sorrisos, choros e desejo. Gosto quando o cheiro me provoca desejo, me dá vontade de morder. E gosto de morder. Cada pessoa, cada coisa, cada lugar tem um cheiro diferente. Uma comida pode ser feita duas vezes no mesmo dia, mas alguma coisa no cheiro será diferente. Livros tem cheiros, cada um diferente do outro. Livros, minha segunda obsessão, depois das pessoas, mas talvez eu até trate eles com muito mais carinho e devoção.