7 de dezembro de 2012

Eu juro solenemente não fazer nada de bom.

Há algum tempo, escrevi para o site Somos Das Masmorras (que hoje só existe no Tumblr, Twitter e Facebook), uma coluna sobre a minha personagem preferida em Harry Potter. E hoje, encontrei esse texto em meio aos muitos rascunhos que guardei aqui. Reli e gosto tanto dele que vou deixá-lo aqui para vocês, leitores lindos fãs de HP como eu, lerem e talvez, concordarem comigo. 
Para quem me acompanha, sabe o quanto sou fã (sem me envergonhar, muito pelo contrário) da saga. E para os que dividem comigo esse mesmo amor, aqui está.

BELATRIZ, LEAL ATÉ O FIM.



No decorrer da saga, alguns personagens aparecem na mesma rapidez em que desaparecem (Quirrell? Crouch Jr.? Karkaroff?), outros sempre estiveram ali, mas nós nem ao menos nos demos ao trabalho de prestar atenção neles (Anna Abbot? Susan Bones? Alicia Spinnet? Clearwater?), e outros apareceram em meio ao caos e sugaram toda a atenção (pelo menos, a minha), como é o caso de Belatriz Lestrange. Bella sempre foi a minha personagem preferida, e até então eu não conseguia dar uma explicação do motivo que me levou a amá-la tão rapidamente. A princípio ela era só mais uma personagem coadjuvante, comensal da morte, fiel à Voldemort até o último fio de cabelo e extremamente má (para alguns, ela continua sendo apenas isso). Mas alguma coisa no jeito com que J.K Rowling a descrevia me intrigava, ela não era como Narcisa, como Lúcio ou como qualquer outro comensal. Ela tinha um jeito único, uma personalidade interessante, algo que a destacava. Passei horas e horas imaginando quem a iria interpretar nas telonas e pensando se a atriz conseguiria ver a mesma coisa que eu, essa loucura psicótica e ao mesmo tempo um humor agridoce e infantil. E eis que me aparece Helena Bonham Carter. Fim de papo. Quando soube que a minha atriz preferida traria vida à Bella nos cinemas, depositei toda a minha confiança nela e NÃO FOI EM VÃO. Ali estava a Bella que eu sempre imaginei, o engraçado perdido no meio da maldade, a sedução escondida nos olhos negros por trás daquela máscara insana e cheia de malícia. Helena trouxe o que Rowling deu à Bella desde o começo, alias, o que Rowling dá à seus personagens muito perfeitamente: a humanidade.

Um dia Bella foi uma bruxinha como todas as outras, atrás de sua primeira varinha, com medo do primeiro dia de aula, se perguntando se seria bem aceita e pensando em como demonstraria a todos o seu sangue puro e a sua família nobre para que fosse aceita, escondendo todas as “vergonhas” de sua linhagem. Ah, vamos esquecer o estereótipo da Sonserina, e prestar atenção no fato de que ela tinha fraquezas como todos os outros, e provavelmente deve ter usado da arrogância e egocentrismo pra esconder isso. Ela teve seus medos, excitações, desesperos e inseguranças. Como qualquer criança aos 11 anos de idade prestes a ingressar em uma luta para o futuro, e que não era uma luta contra os outros, mas com ela mesma. Atrás da própria identidade. Quem já pensou em como foi a infância e a adolescência de Bella? Como foi a vida dela até ser presa em Azkaban e enlouquecer completamente? Como ela era antes dos dementadores? Eu sempre quis saber como J.K Rowling a imaginou.

Pode soar esquisito da minha parte, mas era lindo ver a devoção, a lealdade, me atrevo a dizer até a paixão que ela exalava quando se tratava do Lorde das Trevas. A vontade de ser notada, de ser escolhida, de poder estar junto dele a cada segundo e a cada plano que ele decidisse colocar em prática. E ela esteve, sempre. E ele reconheceu. Não da maneira que talvez ela esperasse, mas dentro do egoísmo dele. Se ele entendesse o amor... se ela entendesse que podia sentir amor. Era fascinante. 
Romântica, eu? Não, só acho que toda panela tem sua tampa e até os maus encontram seu par. Ou você vai me dizer que não achou épica e emocionante a cena do livro em que ambos estão lutando juntos? Cada um contra três bruxos. Era como uma dança do acasalamento, ambos demonstrando o poder que tinham, a capacidade de agilidade, de inteligência, de esperteza. Imagino olhares dela para ele a cada feitiço produzido. E a frustração e ódio de Tom quando Molly vence por fim. Tirando aquilo que era DELE, talvez a única coisa que sempre foi dele. Uma morte linda, pelos motivos errados, porém linda. O filme não valorizou a cena em questão, mas não importa. 

Talvez, só eu tenha fantasiado em cima da psique de cada um nesse momento e imaginado cada detalhe e pensamento de ambos antes que a loucura infantil e obsessiva de Belatriz Black Lestrange fosse, finalmente, interrompida. E não que eu quisesse que ela vivesse, talvez no fundo eu quisesse que ela mudasse, para que pudesse continuar viva. Mas dentro da lógica humana, eu sabia que isso não era possível. Então vejo a vida de Bella sendo fechada com chave de ouro. Morreu pelos motivos que viveu, matar Belatriz é mostrar ao mundo que só é digno de viver, aquele que busca o bem. Afinal, a vida não nos é dada à toa. Bella pode ser um exemplo do que eu não devo ser, mas ela me ensinou coisas como entrega, intensidade, determinação e lealdade. Exatamente, lealdade! A gente tem que saber tirar as coisas boas de dentro das ruins, é muito fácil ver lealdade quando se trata de Harry e Dumbledore, por exemplo. Mas, na vida, nem tudo é completamente bom, e muito menos, completamente mau. 


E se nesse momento Bella estivesse me lendo, me mandaria parar com esse clichê barato de lealdade. Alegando que essa melação de quinta a la Harry e Sirius não poderia ser relacionada à ela. Mas, no fundo, estaria concordando comigo.





ATÉ A PRÓXIMA!

6 de dezembro de 2012

Sobre sonhos e quebra-cabeças.


A vida nos leva a caminhos que nem sempre esperamos, as coisas nem sempre saem como desejamos e os sonhos... Ah, os sonhos mais parecem uma sucessão de frustrações do que de realizações. A vida, ela dá voltas, incansáveis voltas que tornam e retornam até que tenhamos aprendido a lição. Até que tenhamos entendido que a sucessão de frustrações fazem parte de um quebra-cabeça que devemos completar no decorrer de nossa história. E como todo quebra-cabeça, desses bem grandes de quase dez mil pecinhas, ele requer paciência, determinação, prática, persistência, concentração e foco. Às vezes precisamos desmontar tudo e começar do zero, às vezes algumas peças se perdem, se desgastam, são pisadas, amassadas, remendadas. Às vezes a vontade de colocar tudo de volta na caixa e chutá-la para debaixo da cama é maior do que a vontade de vê-lo completo. Há dias em que olhamos e nos desesperamos ao ver apenas um esboço da imagem e tentamos, sem sucesso, pular etapas, colocar os pés pelas mãos e acabamos encaixando uma peça errada. Ela entra ali, mas ela não pertence àquele lugar. E pode levar horas, dias, semanas, meses, anos para percebermos o erro e corrigi-lo, alguns nunca chegam a perceber. E nada é mais desagradável do que se dar conta de que algo que sempre esteve ali, não deveria estar ali. E que tudo seria mais fácil e faria mais sentido se tivéssemos prestado atenção. Alguns de nós estão mais adiantados, são mais sagazes, sensíveis, já entenderam como a brincadeira funciona. Outros, a maioria, ainda está literalmente quebrando a cabeça como se tomados por um transtorno de déficit de atenção coletivo. Alguns finalizam antes, outros podem demorar um pouco mais e outros podem demorar um pouco mais do que um pouco mais. Mas todos, todos completam a imagem e no fim se pegam admirando feito bobos a beleza da missão cumprida e dão risadas constrangidas de si mesmos conseguindo ver o quão mais fácil poderia ter sido chegar ao fim. Mas, ao mesmos tempo se dando conta do quão sem graça teria sido ir tão rápido e tão facilmente até ali. Por fim, alguns desmontam a imagem, jogam de volta para dentro da caixa, chutam para debaixo da cama e perdem a vontade de montar. Outros, colocam cuidadosamente em uma moldura e penduram na parede do corredor para poder olhar todos os dias e se orgulhar. E ainda há outros, que depois de pendurar a primeira vitória, respiram fundo, e com cuidado, pegam uma caixa nova. E como se fosse a primeira vez, inseguros, receosos, ansiosos, iniciam uma nova imagem, mas essa já trazendo um leve sorrisinho de lado, afinal, à essa altura já aprenderam que tudo o que precisam está dentro deles, e é só uma questão de saber usar e, às vezes, abusar.

Gosto de ter certeza de que cada pessoa na minha vida esteja cuidando direitinho do próprio quebra-cabeça. Porque cada um é uma peça importante e crucial na formação da minha imagem. Sem eles, meu projeto ficaria incompleto. São parte de mim, do meu quebra-cabeça, da minha vida... dos meus sonhos.