6 de dezembro de 2012

Sobre sonhos e quebra-cabeças.


A vida nos leva a caminhos que nem sempre esperamos, as coisas nem sempre saem como desejamos e os sonhos... Ah, os sonhos mais parecem uma sucessão de frustrações do que de realizações. A vida, ela dá voltas, incansáveis voltas que tornam e retornam até que tenhamos aprendido a lição. Até que tenhamos entendido que a sucessão de frustrações fazem parte de um quebra-cabeça que devemos completar no decorrer de nossa história. E como todo quebra-cabeça, desses bem grandes de quase dez mil pecinhas, ele requer paciência, determinação, prática, persistência, concentração e foco. Às vezes precisamos desmontar tudo e começar do zero, às vezes algumas peças se perdem, se desgastam, são pisadas, amassadas, remendadas. Às vezes a vontade de colocar tudo de volta na caixa e chutá-la para debaixo da cama é maior do que a vontade de vê-lo completo. Há dias em que olhamos e nos desesperamos ao ver apenas um esboço da imagem e tentamos, sem sucesso, pular etapas, colocar os pés pelas mãos e acabamos encaixando uma peça errada. Ela entra ali, mas ela não pertence àquele lugar. E pode levar horas, dias, semanas, meses, anos para percebermos o erro e corrigi-lo, alguns nunca chegam a perceber. E nada é mais desagradável do que se dar conta de que algo que sempre esteve ali, não deveria estar ali. E que tudo seria mais fácil e faria mais sentido se tivéssemos prestado atenção. Alguns de nós estão mais adiantados, são mais sagazes, sensíveis, já entenderam como a brincadeira funciona. Outros, a maioria, ainda está literalmente quebrando a cabeça como se tomados por um transtorno de déficit de atenção coletivo. Alguns finalizam antes, outros podem demorar um pouco mais e outros podem demorar um pouco mais do que um pouco mais. Mas todos, todos completam a imagem e no fim se pegam admirando feito bobos a beleza da missão cumprida e dão risadas constrangidas de si mesmos conseguindo ver o quão mais fácil poderia ter sido chegar ao fim. Mas, ao mesmos tempo se dando conta do quão sem graça teria sido ir tão rápido e tão facilmente até ali. Por fim, alguns desmontam a imagem, jogam de volta para dentro da caixa, chutam para debaixo da cama e perdem a vontade de montar. Outros, colocam cuidadosamente em uma moldura e penduram na parede do corredor para poder olhar todos os dias e se orgulhar. E ainda há outros, que depois de pendurar a primeira vitória, respiram fundo, e com cuidado, pegam uma caixa nova. E como se fosse a primeira vez, inseguros, receosos, ansiosos, iniciam uma nova imagem, mas essa já trazendo um leve sorrisinho de lado, afinal, à essa altura já aprenderam que tudo o que precisam está dentro deles, e é só uma questão de saber usar e, às vezes, abusar.

Gosto de ter certeza de que cada pessoa na minha vida esteja cuidando direitinho do próprio quebra-cabeça. Porque cada um é uma peça importante e crucial na formação da minha imagem. Sem eles, meu projeto ficaria incompleto. São parte de mim, do meu quebra-cabeça, da minha vida... dos meus sonhos.

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